Encontrei-o algum
tempo depois
continuava
aquele mesmo sujeito do último adeus:
um homem sério,
incorrigível;
um racionalista
irremediável
de visão humana
infalível,
da inconfundível
sobriedade exata
E, principalmente,
um homem de decisões inexoráveis.
um homem de decisões inexoráveis.
Um semblante muito
digno de um olhar severo
E de um robusto e
previsível bigode.
Mirou-me de longe
como quem mira uma borboleta,
Indiferente ao
inseto inútil
Mesmo que nele
reconhecesse alguma beleza frívola.
E eu gozando ao voo
livre
Sem orgulho e sem
dignidade
Ia borboleta de
tamanha ingenuidade
Que nem menos sabe o
que significa pudor
(apenas vontade)
(O prazer e o
carinho simplesmente perfuram todos os egos
As poses
As mágoas)
Queria provar-lhe o
gosto...
Bem sabemos ambos
Que essa nova
roupagem puramente cinzenta,
Esse cenho ainda
mais franzido(no),
São consequências da
pulsação lenta,
Mas que de tão
intensa,
Não estanca;
Enganam-se os olhos
que julgam
Não ter cor o homem
sério
Ele sangra!
E se quisesse era
capaz de tornar
o mundo inteiro
vermelho.
Mas olhar tão denso
como o teu
Ao primeiro toque
congelaria frágeis asinhas de açúcar
Tão coloridas,
miudinhas
Compostas de sonho e
ilusão.
Tanta melancolia
verdadeira
Pesaria tão feio as
asas
Que me tornaria um
barata.
Confesso com 32
dentes
Queria desarmar-lhe
com beijos!
Tornar-lhe pluma com
infantilidades
Quem dera amolecer
cada instante de teu corpo
Com qualquer canção
tola ao acaso
Tornar-te bobo!
Fazer-nos risonhos!
Temes tanto o
ridículo quanto a vida?
Queria beijar-te cada
parte rígida
Até desatar-te em
gargalhadas infindáveis
Eras uma criança tão
bonita...
Eras uma criança tão bonita...
ResponderExcluirQue diabos aconteceu? Agora era magro, pálido, de barba e cabelo desgrenhados, sono por dormir, fome por saciar. Revirava seu olho ao observar meus cabelos. Meu nariz, boca, seios, pernas. Esquadrinhava-me com os olhos famintos de quem sofre mas revida. Senti medo. Eras uma criança tao bonita, tentei dizer-lhe, sem nada sair de minha boca seca. Ele babava saliva amarela que escorria pela barba suja. Senti nojo. Eras uma criança tão bonita..., pensei, com pesar. Os olhos antes de um castanho amendoado, brilhante que refletia a vida, agora vazios e profundos como cu de travesti. Cruzes, que analogia terrível! Não sabia na ocasião que ele era familiarizado com os comparados. Senti repulsa. "Eras uma criança tão bonita", disse então, enfim cuspindo as palavras da garganta. Levantou a sobrancelha amarelada, cuspiu duas vezes no chão e disse-me, a voz rouca de cigarro e maus tratos: "Foda-se", emendando com a terceira cuspida. "Pois bem", tratei de seguir meu caminho.
absurdamente relacionavel com o texto! ->[ironia]<-
ResponderExcluiruau.
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