sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Te ver dia

Eu quero te ver de dia
Te ver translúcido 
Ou só mesmo te ver enquanto escuto o eco esquisito da manhã
Quero saber como você reage naqueles 3 minutos 
Em que você acidentalmente faz um juízo de toda a sua vida tomando um café despretensioso
Saber se você chora
Se você ri e nem liga
Ou se desespera em segredo
Quero te ver contemplando em silêncio a beleza de algo bem simples
Como a janela de um apartamento antigo no Rio
(A janela não; a paisagem)
Quero descobrir o que a preguiça te impede de fazer 
E qual é a expressão de melancolia que ela imprime no seu rosto
Se fica desperso na cama 
As bochechas macias 
Os segundos congelados do passado
Te ver reclamar de um resfriado, talvez 
Discutir champignon na comida ou água com gás
Como sorri quando esquece da vida ao final de uma frase
Um sorriso esquecido de si, um sorriso quase que enquanto dorme
Quero conhecer a sua espontaneidade ordinária secreta
Meio rara meio impensada meio bonita
Te ver esquecer e notar minha presença dentro do quarto
Ou em algum dia da sua semana
Ser uma espectadora casual do seu drama cotidiano