(tava tudo errado)
Rompeu (se) repentinamente um vão,
um abismo frio formou-se entre nós
e temo (sempre) que eu o tenha causado.
As relações são campos magnéticos
onde temos espaço para expressar
culminações de dentro
verdades do peito;
elas tem um fluxo próprio,
ações espontâneas que transbordam pelos nossos olhos,
pelas nossas mãos,
pelas palavras que são fúteis só na aparência.
Tão difícil é para mim
(sempre para mim)
fazer conter no ordinário cotidiano
o que se constrói de eterno
pelas carícias de tua presença abstrata e espaçada
dificultada, reconheço, por minha falta
sempre tão física
É verdade que nem sempre nos observamos
ocultamos o ato
sublimamos a palavra
e acabamos por silenciar o amor
E de que adianta o mais nobre sentimento
quando não em mútua radiação?
Receio a concretização do estranhamento
da falta de reconhecimento dos traços amigáveis
da intradução dos olhos
que eu mesma causei
mas que tanto difere do meu peito
E isso não é qualquer retaliação
não há culpa e nem ressentimento
e nem há nenhuma concepção de resgate
porque somos, de certa forma,
o que experienciamos,
o que construímos
e o que aprendemos.
Mas eu só queria dizer
com toda a dificuldade que há de me ensinar a amar
só queria contatar
o possível fluxo de contato que foi perdido
a ausência do lirismo que me coube
mas que sempre houve
de um certo jeito específico,
dentro de mim;
uma poesia de fio infinito
aprendiz de tua sabedoria
que tanto transborda
sanguíneo amor
humano e divino.