quarta-feira, 13 de julho de 2016

Manhã

Nenhuma elocubração
Pessimista e egocêntrica 
É tão importante que o crepúsculo não possa desfazer.
As decisões intransponíveis que você tomou durante toda a vida
Aquela perspectiva que você não sugeriu no projeto em conjunto 
A resposta mal criada que te evitaria a dor de garganta sintomática
E todos os instantes auto depreciativos que você se apega no seu quarto
No momento preciso
(sagrado ou maldito)
da madrugada individual
Se desfazem com o som ensoso
da resignação matinal.
Há uma frieza ingênua,
uma canção irrefletida
Que ecoa pelo trabalho que começa logo cedo.
O trabalho dos olhos, dos pés
do esquecimento
Rasga e passa como um trator
Sobre a segurança introspectiva do breu das 4 da manhã.
O auto júri que levantamos
Que nos aponta dedos e fracassos 
No escuro do nosso ventre egoico
É desmantelado pelo nascimento cotidiano
Da força coletiva matutina.
O mundo intocável
do desejo e das frustrações
Dá lugar ao ofício.
Já os sonhos...
Esses há muito não tem espaço 
Na corrida em que competem
O dia e a noite.