domingo, 5 de abril de 2015

Fenda

Uma abertura nos teus opacos olhos:
por tanto tempo os meus a procuraram
por pouco tempo atrás dela se vidraram
de um ângulo agudo 
descuidadosamente esquecido em aberto.

Fenda por onde observo
abstrações humanas discretas
com os olhos semi cerrados
da doce dificuldade
de reconhecer-te sensível e frágil.

Enxergarei tua abertura rara com a língua, 
tua geometria oculta com os lábios
tua introspecção misteriosa com o interno tato.

Apenas pouparei os olhos;
enquanto me olhas com a certeza infinita da dúvida, 
manter-te-ei intacto.