domingo, 10 de setembro de 2017

uma maldita poesia da término

Me pergunto para onde o meu amor possa ter ido
Se em todo esse tempo eu cria que andara contigo e você disse que o vira fugir
Correndo para o ponto mais distante
Até que sua imagem sumisse
E sua matéria se dissipasse

Me pergunto como pode ter escapado
E você deixado de o sentir
Se eu estive tão perto de você esse tempo todo
Os olhos fixos no seu
O contato da pele constante
Pergunto-me se não evaporou através de um suspiro
Enquanto, deitada no seu peito, acariciava o seu cabelo
Ou se fugiu por uma lágrima minha
Uma lágrima - pasme - de bocejo
Por acordar tão lenta e macia
Das tantas manhãs divididas
Em que você não sentia -
Como foi que você disse? -
Nada do meu amor
Porque ele havia, julgo eu, agora,
Escapado
Por um estúpido descuido meu.
outra maldita poesia da término


O amor, as vezes, distraído
Sem saber muito com quais pés anda
Pode tropeçar no meio fio e
Muito estupidamente
Morrer.
Assim. Sem mais nem menos.
O amor pode, na hora seguinte
Mudar de identidade
Forjar a assinatura
Sumir do mundo
E então, por mais que você o veja
Assim, fisicamente
E não acredite que é ele
Ele já não existe
Porque, querendo ou não, o amor é o que a gente vê
E o que a gente acha que é.
O amor pode trocar de ideia no mesmo dia
Trocar de meias
Trocar de senha
Trocar de CEP
E você ficar plantado
O ano inteiro
Procurando o que perdeu.
O amor pode virar padre
Virar crente
Monge
Virar ateu, até.
O amor, eu repito,
O amor pode decidir voltar do supermercado a pé sozinho
Esquecer de te avisar
E deixar você esperando no estacionamento.
É uma analogia péssima, eu sei
Mas o amor as vezes nos deixa
E só ficam um papel, uma caneta
E umas imagens cretinas
Pra nos fazer escutar.