terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Devoção

Cada minuto que passa
Se estende por uma ansiedade
que estrangula em alegria
E deságua no silêncio compreensivo
Da lamentação da espera

Parece-me que todo o céu
Que todo som da cidade
que toda a luz
E que todo silêncio desta casa vazia
Aguardam por ti
E vivem em função da tua chegada.

Permaneço na simultaneidade
Do meu estado de graça
pelo milagre porvir
E da melancolia sábia
pela meditação da espera

Tornei-me sacerdotisa
Admitindo a felicidade apesar da tua ausência
Resignando-me à falta lânguida de não te tocar
Por essa longa tarde desocupada
Que é a vida inteira
Só pela esperança da aparência de teus olhos.

Componho-me espiritualmente pela crença
da tua milagrosa chegada