domingo, 10 de abril de 2016

flor pisada

O seu ruído é uma rosa
arrastada pelo asfalto
Esse seu 
carinho negligente
é a margarida esquecida no meio fio

E essa falta de ritmo
essa nossa falta de fôlego
(falta de olho)
é um girassol comido
todo
por uma sola de sapato
(ou por mil pés muito calçados numa tarde de carnaval)

Essa sua indiferença
meu estranhamento
Por fim: todo esse drama que me é de direito
não passa de um crisântemo triste
já morto
(mesmo que ainda lindo)
mastigado pelos meus dentes
sôfregos e selvagens


(Ah, eu me sinto impotente e orgulhosa
como as rosas podres
ignoradas pelo florista.)