segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

dor de leite

Vais ficar aí, olhando-me
ao longe?
Só porque reconhece em mim
alguma fragilidade.

Pois quando levanto
e estrangulo teu peito
com olhar apertado e sereno
finge-se de estranho
veste-se de preto.

Um espectro
que toda a vida
se justifica
pelas zombarias aos meus olhos
perdidos inquietos
pelas carícias tão leves
sedutoras como brisa

Quando sou tirana
e te arranco os olhos
para dele brotarem lágrimas
abraca a si mesmo
com pálpebras;
nem palpitas

és sopro
de amor
que bem me abraca
que mal suspiro
e já me deixas
no ponto cego
espaco noturno

és noite
que bem me acostumo
com os olhos atentamente vendados
mal despe-se da escuridão sorumbática
apresenta-se luz
nu

um amanhecer tão simpático
de sorriso cru
e de corpo extenso e alvo
eterno
deserto

Eu que lamento
te puxo pelos cabelos
aos prantos
sem logística
esperando veemência
nutrindo teus passatempos

E teus sorrisos
sabor dor
com tudo isto
fazem-me masoquista

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